A
Pérola Que Rompeu a Concha
Nadia
Hashimi
448
Páginas
Editora
Arqueiro
A
Pérola Que Rompeu a Concha escrito por Nadia Hashimi traz uma
história inspiradora e tocante sobre uma jovem que vive em meio ao governo
opressor do Talibã.
Confesso
que no momento que iniciei a leitura, pensei que sofreria a cada página, mas
não foi isso que aconteceu. A cada detalhe que descobria sobre a cultura e o
ambiente em que as protagonistas estavam vivendo, eu ficava ainda mais
inspirada diante das dificuldades que surgiam. É uma história intensa, o leitor
fica a imaginar que tudo não passa de uma ficção, mas é uma triste realidade
que muitas mulheres vivem.
Filhas
de um viciado em ópio, Rahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à
escola em meio ao governo opressor do Talibã. Elas até tentaram frequentar a
escola, mas os garotos do bairro achavam que era certo persegui-las, como se
elas gostassem dessa “atenção”. Para os garotos, era normal perseguir as
meninas, como se elas fossem propriedades deles. Como o pai de Rahima não conseguia
encontrar uma solução para o problema que as filhas estavam vivendo, proíbe-as
de frequentar a escola.
A
única esperança das meninas é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como
um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela
poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a
casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai
transformá-la para sempre.
Mas
nem tudo dura para sempre, e passado alguns anos, Rahima precisa deixar de ser
um garoto para se casar, assim como suas irmãs mais velhas. Tentando resolver o
problema de ter muitas filhas na casa, o pai resolve casar as três filhas mais
velhas ao mesmo tempo.
A
única coisa que consola a jovem Rahima é a história que sua tia conta, sobre a
trisavó Shekiba que viveu as mais diversas dificuldades no passado. Shekiba
ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida
de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma
existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na
efervescente metrópole de Cabul.
Na
trama, acompanhamos a situação precária que vive uma mulher na cultura afegã. A
autora traz assuntos sobre violência doméstica, consumo de drogas, abuso,
casamento infantil, diferença de gêneros e terrorismo. A história é contada
pelo ponto de vista de Rahima e também Shekiba, trazendo todo o drama que essas
duas protagonistas vivem.
A
história mostra com clareza como as mulheres não valem nada em muitos países.
No Afeganistão, eles aceitam que as meninas se vistam e se comportem como um
menino, mas não aceitam que elas sejam elas mesmas. São criadas para casar, não
importa se será a única esposa, ou se será a segunda, terceira, quarta... E
para serem bem tratada pela família do marido, elas precisam gerar FILHOS, e
não FILHAS. Se gerarem filhas, elas podem ser substituídas por outras esposas.
E se gerarem filhos, quanto mais, elas tem um lugar de respeito na família.
Para
as mulheres, não existe uma escolha, o direito de ser quem quiserem, de ter
opinião, ou falar o que pensam. Se agirem dessa forma, são desrespeitosas,
sofrendo as mais diversas agressões físicas. Não é fácil ler isso no livro, e
ainda saber que é real, que toda essa diferença acontece ainda hoje.
É
um livro intenso, mas inspirador. A trama entrelaça histórias de duas mulheres
extraordinárias, corajosas, que desafiaram todas as convenções para seguirem o
próprio destino. Não é um livro de leitura fácil, é complicado saber todas as
dificuldades que essas mulheres vivem até hoje, mas faz o leitor refletir sobre
a liberdade de controlar o próprio destino, de que devemos lutar pelos nossos
sonhos, e acreditar que um dia, essa violência com a mulher não existirá mais.
Não
existem palavras suficientes para expressar todas as emoções que esse livro transmite.
A
Pérola que Rompeu a Concha é uma história intensa, maravilhosa,
indigesta, inspiradora que vai deixar o leitor sem fala, reflexivo, emocionado.
Leitura obrigatória para todos.
Nota:

Desde que vi o lançamento desse livro imaginei que a história fosse exatamente como descreveu nessa resenha. Fui ler algumas outras criticas e elas tiraram completamente minha vontade de ler a obra, não por serem negativas, mas por conta do olhar crítico de quem estava lendo. A vida lá é dura é revoltante, a autora quer passar isso, mas tbm quer mostrar a força das personagens e a mim faltou sensibilidade de quem leu e resenhou para olhar além das críticas sociais. Espero poder fazer a leitura em breve e confirmar mais uma vez a intensidade que sinto sempre que me deparo com essa obra.
ResponderExcluirRaíssa Nantes
Oi Carla
ResponderExcluirAdorei sue post e sua resenha
Eu AMO histórias assim e já estava super curiosa para ler A Pérola que rompeu a concha. Depois deste post, quero mais ainda!
Gosto de intercalar estas leituras com outras mais leves.
Vou ler e depois te conto
Bjs
Oie!
ResponderExcluirEu já tinha visto algumas críticas sobre esse livro e fiquei bem curiosa para ler.Sua resenha só reforçou essa curiosidade.
Eu gosto bastante de livros que retratam outras culturas além da nossa, da Inglesa e da americana. Acho importante que autores mostrem como é em outros lugares e que nem sempre a liberdade que temos aqui é compartilhada por todas as mulheres.
Olá! Ainda não conhecia esse livro e fiquei bastante interessada pela leitura. Gosto bastante dessa temática. Vou anotar a indicação e espero ter a oportunidade de ler em breve. super bjoo
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirEsse livro é lindo! Eu li e me apaixonei pela Rahima, apesar de ter algumas ressalvas quanto à religião e etc, é um livro que todo mundo deve ler. Parabéns pela resenha!
Olá, ótima sua resenha. Deve ser doloroso ver na história como a realidade das mulheres muçulmanas é difícil. Mas que bom que temos duas personagens que desafiam as regras que lhes são impostas.
ResponderExcluirOi, assim como ocorreu com você, esse livro também me deixou sem palavras, e me marcou muito. Ele traz uma diversidade de reflexões para nós e nos transforma perante a tantas dificuldades.
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